1 de agosto de 2010

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Aprendendo com imagens

Capas de Revistas em quadrinhos e suas lições
 
Olhe bem para a capa da revista do Cebolinha apresentada acima. Já pensou que ela poderia ser utilizada como o mote para várias atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com alunos de diferentes idades? Paremos então para analisar algumas possibilidades:-

1- Que tal utilizar a ilustração para trabalhar o sentido das imagens? Por que será que o Cebolinha está sentado ao chão, com o olho machucado, visivelmente nervoso, olhando com irritação para o Louco e tendo ao lado um dos pés do tênis utilizado pelo seu oponente no jogo de tênis? O que motivou os quadrinistas a escolherem o Louco como adversário nesse esporte para o Cebolinha? Essas são apenas algumas das questões que podem ser suscitadas numa conversa com crianças de 1ª ou 2ª séries do Ensino Fundamental que podem motivar a continuação da discussão com a inserção de outras palavras que possuem sentidos diferentes e grafia ou sonoridade semelhante...
2- Como seria a continuação de uma eventual história em que o quadrinho inicial fosse esse? Ou ainda, e se essa ilustração finalizasse uma trama? Pode-se ainda pedir que os estudantes escrevam uma história em que esse desenho seja apenas uma das peças intermediárias do enredo.
3- As expressões dos personagens podem ser utilizadas para se falar das emoções e escrever sobre as mesmas. Qual é o sentimento expresso pelo desenho do rosto dos dois personagens? É ressentimento ou raiva que está simbolizado nos traços do Cebolinha? O Louco demonstra dúvida por quais motivos? Quais seriam os sentimentos contrários aos que estão simbolizados nos rostos dos personagens de Maurício de Sousa? O que significa ter raiva, estar indignado, demonstrar perplexidade, aparentar dúvida ou ainda revelar inocência através dos traços e expressões de nosso rosto?

Há muitas outras idéias que poderiam ser aproveitadas a partir de um modelo como o da capa dessa revista em quadrinhos. O mais interessante é perceber que não é só com desenhos da Turma da Mônica ou da Disney que é possível desenvolver esse tipo de atividade. Na realidade isso também se aplica a capas de revistas de informação como a Veja, a Isto é, Época ou ainda a publicações segmentadas como National Geographic, Educação, Superinteressante e tantas outras. O importante é pesquisar e descobrir materiais que sejam apropriados para tais tarefas e que sejam relacionados aos conteúdos que se pretende trabalhar.

Outro filão que pode ser igualmente explorado no trabalho com imagens é o de mensagens publicitárias apresentadas em revistas e jornais. Há muita criatividade por parte de nossos produtores de propagandas divulgadas através da mídia impressa (assim como no rádio e na televisão também).

Mas, voltando aos quadrinhos, olhe atentamente a capa da revista apresentada a seguir:


1- Será que é realmente necessário o uso de uma britadeira para realizar o trabalho de um dentista? Qual é a ironia apresentada no desenho acima? Que motivos levaram o Cebolinha a escolher esse instrumento de trabalho para cuidar da dentição da Mônica? O que é Ironia? Para que serve? Em que situações pode ser aplicada?
2- Como é o trabalho de um profissional da odontologia? Que tipos de ferramentas ele utiliza normalmente em seu consultório? Será que algum dos alunos tem parentes que sejam dentistas? Que tal convidar um profissional da área para falar para as crianças sobre essa tão importante profissão?
3- Vamos trabalhar com descrições? Peça aos estudantes que façam a descrição mais detalhada que puderem da ilustração apresentada na capa dessa revista em quadrinhos? Oriente-os a trocar as descrições para que possam comparar o que fizeram com o trabalho dos colegas e perceber as diferenças relativas ao olhar individual sobre um mesmo elemento em análise. Crie um quadro na lousa que concentre todas as informações obtidas a partir das descrições feitas pelos estudantes.

Alternativa igualmente rica e interessante é trabalhar com tiras ou quadrinhos curtos. Normalmente as revistas em quadrinhos terminam com materiais tão ricos como o que é apresentado a seguir:


1- Pode-se nesse caso trabalhar o vocabulário, buscando explicações quanto ao emprego das palavras em contextos diversos como o rural e o urbano, diferentes estados ou regiões e países que usam o português em outros continentes. Nesse sentido seria necessário pedir aos alunos que localizassem as palavras escritas de forma errônea e o modo correto de grafar as mesmas. Outra possibilidade interessante seria trabalhar com sinônimos e antônimos.
2- Por que o Chico Bento está plantando árvores “di isperança”? O que será que os quadrinistas da equipe de Maurício de Sousa pretendiam ao lançar essa idéia? Crie uma discussão com os alunos para motivar o estudo da ecologia e da necessidade de preservação ambiental.
3- De que forma essa história poderia ser terminada utilizando-se dados sobre devastação das florestas, poluição do ar, destruição dos rios e contaminação do solo?

O mais importante no desenvolvimento de atividades como as que foram apresentadas é utilizar o aspecto lúdico, de brincadeira e diversão, relacionados às histórias em quadrinhos. Os estudantes devem sentir que estão aprendendo ao mesmo tempo em que sentem o prazer de entrar em contato com uma forma diferenciada de expressão de idéias. A leitura de imagens é exercício pouco realizado e difundido nas escolas brasileiras e, se realizado desde a entrada das crianças na escola pode resultar numa capacidade de interpretação, contextualização, análise e crítica imprescindíveis para as futuras gerações.

Deve haver também, por parte do educador que realiza essas atividades, todo um planejamento prévio que lhe permita saber exatamente aonde quer chegar com a atividade, que idéias pretende privilegiar, quais as atividades que serão aplicadas, que conteúdos do projeto pedagógico serão beneficiados a partir desse trabalho e que orientações fundamentais devem ser passadas aos alunos para que a efetivação do trabalho aconteça.

Durante os trabalhos o professor deve acompanhar os progressos e produções realizadas pelos estudantes passando de carteira em carteira na medida em que eles estiverem trabalhando. Sempre é interessante que as atividades trabalhadas sejam descritas posteriormente a sua aplicação pelos professores que as empreenderam. Nesse sentido tenha papel e lápis na mão durante a aula para que as dúvidas dos alunos sejam anotadas assim como suas observações, afirmações e ponderações relativas ao projeto.

Não há regras fixas para esse tipo de projeto. O primordial é que os professores pesquisem materiais adequados, verifiquem sua pertinência relativamente ao projeto pedagógico, insiram os elementos pesquisados em áreas afins do conteúdo das séries com as quais trabalha e estimule ao máximo a participação e o empenho dos estudantes na atividade proposta.

Fonte: Planeta Educação 

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